sábado, 27 de fevereiro de 2010

Tudo sempre pode ser diferente.

Outro dia estava aqui pensando na vida, lembrando do valribeira, da academia, da Maria Tereza, dos rodeios, da loucura que eu deixava a minha casa em cada evento. Podia ser festa a fantasia, desfile, apresentação, qualquer coisa me fazia ficar ansiosa e deixar todos em casa enlouquecidos com a minha insistência no assunto.

Pensando em tudo eu vejo que eu sempre fui artista, não de verdade mas eu sempre tive alma. Desde pequena o que me encanta é chamar atenção, o que me inspira é o sentimento de ”estar chegando”, de querer treinar para fazer perfeito, de imaginar as pessoas sentadas me olhando, de sentir frio na barriga em ouvir a platéia aplaudindo a 1 aprensetação e pensar que eu sou a próxima.

Amo o arrepio na espinha que dá quando as cortinas se abrem e você sente todos te olhando, a musica tão alta que entra no corpo, tudo roda, a gente tem que se concentrar, lembrar, fazer, sorrir. Que delicia que é.

E pensar que eu passei 10 anos da minha vida fazendo isso, mesmo la no cantinho do vale do ribeira, que não tem o mesmo glamour de um teatro municipal mas o sentimento é sempre o mesmo. Isso é universal.

Pensar que com 16 anos eu pensei em fazer educação física em Campinas só para entrar para a Ballet e Cia e dançar com Sandy e Junior. Hoje eu dou risada disso mas como era bom esse sonho, ele é bom até hoje quando eu lembro dele. Quando vejo filmes no youtube deles pequenininhos( no caso do meu tamanho na época) e eu vejo que eu ainda sei as coreografias, me da uma vontade de dançar, de voltar no tempo.

Aquele sonho era tão bom, eu não dormia, eu pesquisava, eu gravava programas, treinava, dançava horas na frente da televisão, sonhava, sonhava.
Não me lembro quando foi que eu desisti desse sonho, ou se apenas mudei de idéia... Minha vida mudou tanto, de repente eu sou quase arquiteta, a Sandy está casada, o Junior tem que ficar provando que não é gay. O que aconteceu?

Eu gosto muito da vida que eu escolhi mas eu digo isso tendo certeza absoluta de que nada nesse mundo vai me inspirar mais, vai me fazer mais falta do que dançar. Nem mesmo os próximos 50 anos poderão ser melhores que aqueles que eu vivi dançando. Mesmo que tenha sido assim, só em apresentações pequenas para pais e mães, concursos regionais, digo, nada muito profissional mas não menos importante, não menos feliz.

Nada vai me tocar tão fundo quanto tudo aquilo, quanto ouvir madona e lembrar da coreografia da Te que eu aprendi quando tinha 12 anos, de lembrar de todas as viagens com Tio Fabio e Tia Marili, de lembrar do dia que eu fiz 3 piruetas, da dor que eu sentia quando chegava em casa depois de horas de ensaio, de ouvir a musiquinha de abertura de Joinville.

Não tenho nem 25 anos e sinto que a vida já deu algumas voltas mas algumas coisas nunca mudam, meus mestres continuam sendo tio Fabio, tia Marili e Maria Tereza, eu continuo ouvindo Sandy e Junior, meu passatempo ainda é dançar na sala, continuo indo para Paranavaí so para pode dançar 1 semaninha com a Te, minha parada principal em Registro ainda é a Developpe, ainda me emociono em filmes de dança.

Alguns nascem com os pés de bailarinos. Eu nasci com o coração.

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