Descobrindo

“Oi tia!”

“Oi, querida, como você cresceu! O que está fazendo?”

“Ah eu entrei na USP, to fazendo arquitetura”

“Nossa, que chiq! Parabéns, arquitetura é lindo, mas porque você não fez engenharia?”

Porque eu não prestei Adm? Porque eu não fui salvar o mundo sendo médica como a minha mãe? Porque eu não me dediquei ao direito como o meu pai?

Acho que eu estou, depois de 4 anos, descobrindo o porque. Ontem na aula de projeto o meu grupo estava explicando o porque das escolhas, o conteúdo do projeto, que é um hospital... e os professores ouvindo, gostando, desgostando, tudo normal. Só não foi normal quando EU comecei a falar. Não me ouviram, não queriam, mudavam de assunto. Eu com vontade de gritar geeeente eu to aqui, da pra parar com essa falta de respeito , por favooor?!!!

Mas não fiz nada... sai putissima da aula, querendo explodir todos os arquitetos italianos.

Fiquei em casa me revirando e percebendo o quanto eu fiz bem de não xingar todo mundo quando me perguntaram como se projetava no Brasil com tiroteio. Pensando aqui com meus botões, como eles são ignorantes! Como um arquiteto formado não sabe que Rio de Janeiro não é Caracas, como ele não conhece São Paulo? O que eles estudam? Igreja do 700 a C?

Cade o velho discurso de que o assunto é a cidade, o morador, cadê a beleza de conhecer as arquiteturas para projetar e entender o porque da sua descentemente?

Acho que é por isso que eu faço arquitetura. Esse é um assunto que não me deixa dormir, que me revira o estomago, que me dá raiva quando não respeitam, que me deixa inquieta, que me faz me emocionar qdo vejo um vão livre, um detalhe, uma luz numa fresta bem pensada.

Fiquei pensando, que outro assunto me deixaria assim? Leis? Ribossomos? Lucro liquido da reserva blabalabla. Não, o meu mundo é assim: completamente simétrico mas que encontra uma curva, muda de cor, sobe numa viga inevertida, vê um subsolo bem feito, sobe numa caixa de escada usável, fica com olheiras de tanto pensar de madrugada como poderia ser melhor pra o outro.

Depois dessa pequena mostra do que será meus próximos atendimentos de projeto eu percebi o quanto a minha faculdade é boa, o quanto nos somos sensatos e como por estudarmos num pais “subdesenvolvido” nós sabemos mais que eles. Porque nos sabemos o que temos que estudar, nos temos fome em saber das coisas. Pelo menos eu tenho, tenho vontade de fazer um discurso sobre a arquitetura brasileira em cima do palquinho da sala.. não agora pq ainda não me vejo tão apta para isso. Mas esse é o plano.

E como aqui sempre tem que se achar uma parte boa nas coisas, eu encontrei a minha. Com essa falta de respeito é que eu parei para pensar em tudo isso, estou com vontade de estudar, de mostrar pro mundo o quanto nos somos bons, o quanto é bom nos termos tooodos os problemas numa cidade só por que sendo assim, NÓS É QUE TEMOS TODAS AS SOLUCÕES.

Dar não é fazer amor.

" Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar....
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem
esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.

Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar
o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
"Que que cê acha amor?".
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho...
É não ter alguém para ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.

Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar

Experimente ser amado..."

Luis Fernando verissimo- ou alguem mentiu pra mim no google.

Roma Parte III

Domingão- o ultimo dia, fomos direto para uma igreja, que eu já não me lembro mais o nome( tem muitas!) e conseguimos pegar o finalzinho de uma missa em latin. Dá arrepios as musiquinhas, o padre saindo tipo numa procissão, coisa que não tem no Brasil. Quando acaba a missa ele da tchau e sai pelo altar, la não, ele sai pelo centro da igreja, é o ultimo e na frente tem uns padres carregando as coisas, uns caras de terno e so depois ele de verde, poderoso. Até que não acredita em Deus eu acho que respeita pq é superior de verdade. Não sei, da uma sensação estranha.

Depois de pagar alguns pecados fomos fazer o roteiro da Roma antiga, ver as ruínas. Quase chorei em todas. Arrepia de ver uma cidade toda de tantos anos ali, na sua cara, com aquelas pedras gigantescas, você fica imaginando o antes e o depois, com pessoas andando de roupinhas brancas, soldados, cavalos. É tudo muito grande, muito trabalhado, muito simétrico, muitos subsolos. Vimos o circo Maximo, fiquei pensando nos cavalinhos.. vimos os arcos, as colunatas e acabamos no Coliseu. Esse acho que foi o ponto mais alto da viagem. Muito grande, o mais megalomaníaco de todos. Entramos no meio de 564 turistas, e o mais legal: era 12 euros para entrar mas a frase mágica nos salvou ”io sono studentessa di architettura” , mostrei minha cartinha da escola e záááááááá, 0 de entrada! Uhuuuu adoooro arquitetura na Europa! Tudo o que é do governo eles tem que dar desconto! Lindo! Em firenze Também não pagamos quase nada. Dica da viagem.

Entrei e fiquei 1: 30h andando, tirando fotos, fazendo filme, alucinada, feliz da vida, pensando o qto loucos eles eram, o qto ricos, o qto bons em engenharia porque ele é realmente gigantesco, pesado e inteligente. Andei por todas as pedras que me era permitido e sai de la com mais um sonho realizado.

A noite estava me arrastando.. ainda fui na central comer uma pizza com o Cesar e depois capotei enquanto ele ficava a te de madrugada tomando vinho com os gringos no albergue.. mas como eu tinha que acordar as 4h , pegar busao, vôo, busao e ir direto para a aula as 9:30h, acho que fiz muito bem em dormir.

Na volta quase perdemos o vôo porque italiano não tem horaio, é td uma bagunça.. mas deu tudo certo e eu ainda fui direto pra aula, dei oi pra professora, perguntei do projeto, anotei para não dormir.. vim pra casa lavar roupas e escrever antes que eu esquecesse.

Roma foi realmente um sonho, linda, moraria la se pudesse, faria esquenta no coliseu toda sexta e depois iria para a Fontana de Trevi encontrar uns gatinhos e tomar um gelatto.

Ta tudo um sonho.. tive muitas igrejas para agradecer a tudo isso.

Roma parte II

Sabadao- la estávamos nos no centro vendo as mesmas praças so que agora de dia, fazendo muitas poses. Visitamos o Panteon. Lindo tb, deu um friozinho na espinha de entrar nele e pensar que ele ta ali desde 125 d C hahaha é tipo.. ontem! Fiz um filminho entrando, na minha primeira visão. É emocionante ver tudo aquilo, nunca tinha imaginado que conheceria.

Passeanos, encotramos o projeto do Richar Meier que cobre um “templo”, não sei direito o que é pq o projeto de fora é mto mais legal!

Enquanto estávamos ali encantados coma arquitetura finalmente da nossa época.. a minha mãe me ligou! Que dia feliz! Que saudades da voz dela. Que feliz pensar que eu estava em Roma podendo contar tudo pra ela. Bom demais, contei as novidades, falei com o Chico, me contaram que entupiu um cano de esgoto e que quebraram a casa inteira em Registro, que ta um caos mas que finalmente vão trocar o piso da casa! Sempre tem um lado bom da coisa.

Andei mais algumas horas espremendo Roma, virando o centro do avesso!

A noite fomos jantar juntos numa pizzaria que eu tive a infeliz idéia de pedir um calzone me esquecendo que italiano é megalomaníaco.. minha comida dava para 3 pessoas.. eu Emilia e Laura . Conversamos muito, o Emanuele me contou como são as relações entre homem e mulher na Itália.. isso tudo na piaza Espana, vendo uma homenagem a queda do muro de Berlin. Falamos, falamos, descobri que não vou casar com italiano nenhum pq não tenho paciência para homem lerdo. Lição da viagem!

Fomos pro nosso corticinho dormir porque a balada era na pqp e Roma caaaansa!

Roma

Cheguei de Madrid na terça, lavei roupas loucamente, encontrei amiguinhos e na quinta feira já estava pronta para embarcar.. mas antes o Cesar me fez uma pegadinha, me pediu para levar umas musicas brasileiras na radio da faculdade, cheguei la com meu pen drive e o cara ao vivo me fala.. “estou aqui com 2 brasileiros que vao participar do programa hj!’ Rá, fiquei la, passando vergonha por 2: 30h parlando italiano ridiculamente. E mais: tinha uma web cam, tudo ao vivo. Agora sou uma estrela.

Depois disso fui pra casa arrumar a minha malinha para dormir 3 horas e acordar para ir pro aeroporto..

Roma, finalmente!

Paramos na estação central e fomos para o nosso Albergue( eu e Cesar pq a mari e o Emanuele iriam ficar na casa de um amigo.)Chegamos e era um bairro no mínimo multiétnico. So china, indiano.. achamos o tar e quem nos atendeu fooi um filipino que achava que falava inglês, não entendi nada, so que o lugar era esroto.. mas como não tínhamos opção, pagamos e fomos passear.

Fomos no vaticano dar um role. Que emoção! A casa do papa!hahaha cheio de guardinhas vestidos de cores divertidas, com chapeuzinhos engraçados. O papa deve ter muito bom humor pra mandar eles se vestirem daquele jeito. Eles não pareciam muito felizes, já que o dia iteeeeiro ficam pelos mnos 20 pessoas por mim tirando fotos e rindo da cara deles. É a vida.. cada um tem o que merece... fomos ver a Capela Sistina.

Anda, anda , anda, pinturas, tapetes, salas megalomaníacas, mais pinturas e la esta ela.. vc entra o olha pra cima... tropeça em umas 50 pessoas pq a sala é a ultima coisa para se ver e todo mundo fica parado. Na verdade tem que andar mas ninguem sai do lugar. A parede o Michelangelo que tem o céu e o inferno fica logo na entrada, na verdade você tem que entrar e olhar para trás, tive um nos maiores choque da viagem. Ela é realmente maravilhosa. Não da para saber como alguém consegue fazer aquilo, os desenhos são perfeitos, as mulheres são realmente como homens. Lembrei muito do Gian, professor de Historia geral do cursinho.. não sei com pode uma coisa dessas, tive 54 historias da Arte em 4 anos de faculdade e a única pessoa que me vinha na cabeça, falando das mulheres, das figuras, do que significava cada coisa era ele. Fiquei ali maravilhada por alguns muitos minutos pq tem muita coisa, não tem nenhum único espacinho nem no teto, nem nas laterais , nem no chão que não tenha que se olhar com muito cuidado. Uma lateral é muito legal, acho que ele não tinha mais desenhos para fazer e fez cortinhas, mas elas são tão perfeitas que da vontade de abri-las! Muito legal, vi os tars dos dedinhos da criação do mundo orginalmente quase se tocando, foi demais.

Tirei fotos escondida, pq não se pode fazer absolutamente nenhuma foto, vi muitos seguranças correndo atrás de tursitas em salas posteriores e mandando o povo apagar as fotos das maquinas. Mas como eu sou malandra de Santos.. fiz algumas e ninguem me pegou! Rá!

Saimos de la maravilhados e fomos para a Basilica de São Pedro, vimos a catedral que é enoooorme, a Pietá esta la tb, num catinho dentro de um vidro, perfeita. É irritante ver os dedos da Maria entrando na pele de Jesus sendo tudo isso num bloco de mármore. O tecido da roupa também dá vontade de puxar de tanto que parece de verdade. Depois fomos em busca da cúpula para ver a praça de cima.. muuuuuuuitos degraus, lugares que so dava para passar de lado, um sufoco. Mas chegamos ao topo e era maravilhoso. Dá para se ver toda a cidade la de cima, avistar a Roma antiga, o paternon, o monumento vitorio emanuele, as praças. Estava tão cheio de turista que tinha que esperar a vez para fotografar.

Depois de tanto subir e descer, fomos para o albergue tomar um banho... descobrimos um mundo novo no 2 andar, que era o andar dos quartos. Uuuufa, não era sujo, não tinha indianos morando como em cortiços..fiquei mais feliz. Era um mundo paralelo dos gringos.

A mari e o Emanuele foram jantar com os amigos deles e eu e o Cesar fomos explorar o mundo novo dos busoes romanos.

Foi muito legal, descobrimos que é muito fácil andar de ônibus e que a nossa região era realmente a única zuada da cidade. Pegamos um obinbus para a praça venezia e do nada, eu olho para a janela e vejo o Coliseu. Meu deus, quase morri, lindo lindo lindo. De morrer, não acreditava que eu estava num busao e que a minha referencia do próximo ponto era ele! Tipo...”desce depois do extra, no 2 ponto” Foi encantador.

Descemos na Praça Venezia e depois dela foi so surpresa... a cada esquina uma praça famosa, uma fonte linda, turistas e mais turistas enchendo todos os restaurantes, sorveterias, barraquinhas. Tudo fica aberto ate mais de 22h. Ficamos por ali, encontramos uns brasileiros que estavam com a viagem da faculdade ( que era no mesmo fds), descobrimos onde ia ser a balada da noite.. tiramos mais algumas fotos, abrimos nosso vinho e fomos em busca do esquenta. Colosseu vai, colosseu vem, descobrimos que o lugar era na pqp e que não tinha no nosso mapa. Perguntamos para um grupo de casais de velhos saindo bêbados de um restaurante..nenhum conseguia ver o mapa pq não estavam com seus óculos ahah mas nos deram uma direção e nos encontramos. Era um grande esquenta de muuuitos gringos, acho que eu tinham umas 3 “atléticas” a de Milão, Roma, e Sicilia.. tudo isso com seus milhares de gringos. Toi uns 2000-pela conta da Politecnico nossa. Era uma festa gigante da qual nos não estávamos aptos a entrar pq não tínhamos a pulseirinha.. e aqui ngm sabe quem manda, quem organiza.. uma bosta. So sei que conhecemos muuuita gente, rimos mto, falamos mtas bobagens. Conheci um povo da farmácia de Roma, medicina da Sicilia, direito não sei de onde.. e td isso com eles vestidos de oncinha pq a festa era zoo .. Ficamos la ate umas 2h e voltamos para o nosso cortiço.